Dilma troca Joaquim Levy por Nelson Barbosa no comando do Ministério da Fazenda
Paulo Victor Chagas e Mariana Branco - Repórteres da Agência Brasil
Paulo Victor Chagas e Mariana Branco - Repórteres da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da
Fazenda e substituí-lo pelo atual ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa. Para o lugar de Barbosa, Dilma nomeou o ministro da
Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão.
A troca no comando da equipe econômica foi anunciada há pouco pelo
Palácio do Planalto, por meio de nota à imprensa, e ocorre após uma
semana conturbada no Congresso Nacional, onde estiveram em votação a Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Plano Pluriananual (PPA) e o
Orçamento de 2016. De acordo com o comunicado, Dilma agradeceu Levy e
elogiou o trabalho do ministro.
"A presidenta agradece a dedicação do ministro Joaquim Levy, que teve
papel fundamental no enfrentamento da crise econômica, e deseja muito
sucesso nos seus desafios futuros", afirmou a Secretaria de Imprensa da
Presidência.
Aprovada ontem (17) pelo Congresso Nacional, a LDO trouxe como novidade,
em relação ao texto aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) em
novembro, a redução da meta do superávit primário do governo federal de
0,7% para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), sem deduções (R$ 24
bilhões). A mudança foi apresentada pelo relator da proposta, o deputado
Ricardo Teobaldo (PTB-PE), depois de negociações com o governo, com o
objetivo impedir o corte de R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família.
Levy sempre defendeu que a meta fiscal ficasse em 0,7%, tendo,
inclusive, feito um apelo aos líderes partidários, na última
segunda-feira (14), para que trabalhassem pela aprovação de três medidas
provisórias que aumentariam receitas, evitando, assim, o corte do Bolsa
Família e de outros programas sociais, proposto anteriormente pelo
relator do Orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Na ocasião, Levy
também reafirmou o compromisso do governo com a meta de esforço fiscal
em 0,7% do PIB (PIB).
A demissão de Levy vem ao encontro da demanda de vários movimentos
sociais, que criticavam a condução do ajuste em prejuízo a direitos dos
trabalhadores. Por diversas vezes, especulou-se que o próprio Joaquim
Levy pudesse pedir demissão, já que algumas de suas opiniões, no sentido
de aumentar o rigor do ajuste fiscal, eram contestadas pela própria
presidenta Dilma. Levy, que ocupou o cargo por menos de um ano, foi o
responsável pela execução de medidas de ajuste fiscal do governo
praticadas nos últimos meses, algumas das quais ainda não foram
aprovadas pelo Congresso Nacional.
Perfil
Ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Barbosa deixou o cargo
ao lado do então ministro, Guido Mantega, em 2013. Durante a
participação no primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff, elaborou
estudos de medidas de desoneração para estimular a economia e formulou
uma minirreforma tributária para acabar com a guerra fiscal entre os
estados.
No início deste ano, substituiu a então ministra Miriam Belchior como
titular do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Antes, havia
participado da equipe econômica do governo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em outros ocasiões. Em 2003, integrou a equipe de Guido
Mantega no Planejamento. De 2004 a 2006, trabalhou no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também junto com Mantega.
Barbosa também esteve à frente da Secretaria de Acompanhamento Econômico
do Ministério da Fazenda, em 2007 e 2008, e da Secretaria de Política
Econômica, de 2008 a 2010. Ele é professor da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em economia pela New School for Social
Research, nos Estados Unidos.
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