sexta-feira, 29 de abril de 2011

“O DÓLAR TEM OS DIAS CONTADOS”, DIZ JORNALISTA SUÍÇA


Por Brizola Neto

“Li agora, e achei interessantíssima, a matéria publicada pelo site “Swissinfo” com a jornalista de economia Myret Zaki. Ela apresenta uma visão que, aqui, é muito raro encontrar quem tenha coragem de sustentar. E que é indispensável para entender os movimentos da economia, porque os analistas, em geral, continuam sustentando o discurso de que a crise de 2008 demonstrou ser insustentável.

As evidências, porém, são muito fortes e, por isso, vão começando a surgir as vozes que dizem, como na fábula, o que não se quer ver: o rei está nu.

Transcrevo alguns trechos da matéria e da entrevista de Zaki:

A moeda americana se transformou na maior bolha especulativa da História e está condenada a uma forte queda. Os ataques contra o euro são apenas uma cortina de fumaça para esconder a falência da economia americana", defende a jornalista suíça Myret Zaki em seu último livro.

A queda do dólar se prepara. É inevitável. O principal risco no mundo atualmente é uma crise da dívida pública americana. A maior economia mundial não passa de grande ilusão. Para produzir 14 trilhões de renda nacional (PIB), os Estados Unidos geraram uma dívida de mais de 50 trilhões, que custa 4 trilhões de juros por ano.”

O tom está dado. Ao longo das 223 páginas de seu novo livro, a jornalista Myret Zaki faz acusação impiedosa contra o dólar e a economia americana, que considera “tecnicamente falida”.

A jornalista se tornou, nos últimos anos, uma das mais famosas escritoras de economia da Suíça. Em seus últimos livros, ela aborda a situação desastrosa do banco suíço UBS nos Estados Unidos e a guerra comercial no mercado da evasão fiscal. Na entrevista a seguir, Myret Zaki defende a tese de que o ataque contra o euro é para desviar a atenção sobre a gravidade do caso americano:

Swissinfo.ch: A Senhora diz que o crash da dívida americana e o fim do dólar como lastro internacional será o grande acontecimento do século XXI. Não seria catastrofismo meio exagerado?

Myrette Zaki:
Eu entendo que isso possa parecer alarmista, já que os sinais de uma crise tão violenta ainda não são tangíveis. No entanto, estou me baseando em critérios altamente racionais e factuais. Há cada vez mais autores americanos estimando que a deriva da política monetária dos Estados Unidos conduzirá inevitavelmente a tal cenário. É simplesmente impossível que aconteça o contrário.

Swissinfo.ch: No entanto, essa constatação não é, de forma alguma, compartilhada pela maioria dos economistas. Por quê?

MZ:
É verdade. Existe uma espécie de conspiração do silêncio, pois há muitos interesses em jogo ligados ao dólar. A gigantesca indústria de “asset management” (investimento) e dos “hedge funds” (fundos especulativos) está baseada no dólar. Há também interesses políticos óbvios. Se o dólar não mantiver seu estatuto de moeda lastro, as agências de notações tirariam rapidamente a nota máxima da dívida americana. A partir daí, começaria um ciclo vicioso que revelaria a realidade da economia americana. Estão tentando manter as aparências a todo custo, mesmo se o verniz não corresponde mais à realidade.

Swissinfo.ch: Não é a primeira vez que se anuncia o fim do dólar. O que mudou em 2011?

MZ:
O fim do dólar é realmente anunciado desde os anos 70. Mas nunca tivemos tantos fatores reunidos para se prever o pior como agora. O montante da dívida dos EUA atingiu recorde absoluto, o dólar nunca esteve tão baixo em relação ao franco suíço e as emissões de novas dívidas americanas são compradas principalmente pelo próprio banco central dos EUA.

Há também críticas sem precedentes de outros bancos centrais, que criam uma frente hostil à política monetária americana. O Japão, que é credor dos Estados Unidos em um trilhão de dólares, poderia reivindicar uma parte dessa liquidez para sua reconstrução. E o regime dos petrodólares não é mais garantido pela Arábia Saudita.

Swissinfo.ch: Mais do que o fim do dólar, a Senhora anuncia a queda da superpotência econômica dos EUA. Mas os Estados Unidos não são grandes demais para falir?

MZ:
Todo mundo tem interesse que os Estados Unidos continuem se mantendo e a mentira deve continuar por um tempo. Mas, não indefinidamente. Ninguém poderá salvar os americanos em última instância. São eles quem terão que arcar com o custo da falência. Um período muito longo de austeridade se anuncia. Ele já começou. Quarenta e cinco milhões de americanos perderam suas casas, 20% da população saíram do circuito econômico e não consomem mais, sem contar que um terço dos estados dos EUA estão praticamente falidos. Ninguém mais investe capital no país. Tudo depende exclusivamente da dívida (americana).”

FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço”

Dilma manda “Bolsa Vagabundagem” para a escola

Ela se preocupa com a porta de entrada

Saiu na Folha (*):

Dilma diz que ensino técnico será porta de saída do Bolsa Família


MÁRCIO FALCÃO

BRENO COSTA

ANGELA PINHO

DE BRASÍLIA


A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira que o Pronatec (Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica) será uma porta de saída para os beneficiários do Bolsa Família.


Ao lançar o programa que prevê 8 milhões de oportunidades –entre vagas em cursos e bolsas de estudo– para estudantes do ensino médio e jovens trabalhadores até 2014, Dilma afirmou que o Brasil precisará de mão de obra qualificada para enfrentar o novo ciclo de desenvolvimento.


“Também haverá a unificação do Bolsa Família e o Pronatec, assegurando a quem recebe o Bolsa Família a oportunidade de uma formação e capacitação profissional. O Pronatec vai ser fator de organização da oferta de capacitação profissional. [...] Esse programa vai muito além do ensino médio”, disse.


A ideia do governo é que parte dos mais de 11 milhões de beneficiários do Bolsa Família faça cursos de capacitação.


Ao lado do ministro Fernando Haddad (Educação), Dilma anunciou que até 2014 serão construídas mais 200 escolas técnicas, sendo que 80 serão entregues no início do ano que vem.


Dilma lembrou que o país conquistou o posto de 7ª economia mundial e que está perto do pleno emprego. Afirmou também que é preciso dar um salto de qualidade no potencial humano brasileiro.


A presidente, no entanto, reconheceu que o país enfrenta problemas com a qualificação da mão de obra e disse que esse será um de seus principais desafios a serem enfrentados.


“Em alguns casos faltam mão de obra qualificada e em outros sobram mão de obra sem qualificação necessária para a indústria, para o comércio”.


Entre as ações do Pronatec está a expansão do Fies (programa de financiamento estudantil) da graduação para cursos técnicos. Esse mecanismo permite que o aluno estude em instituições privadas e só pague as mensalidades depois de se formar.


Outra frente é a expansão das escolas do Sistema S, que reúne entidades como Sesc, Sesi e Senai, por meio de uma linha de financiamento do governo.


Além de alunos do ensino médio, trabalhadores da ativa e beneficiários do seguro-desemprego também estão entre o público-alvo do projeto.

Navalha

Como se sabe, a mulher do Padim Pade Cerra, durante a campanha de 2010, entrou para a História com duas intervenções:

Quando deu a entender que a presidenta era a favor da prática indiscriminada do aborto (embora não condenasse abortos praticados no Chile);

E, quando, inspirada no Grande Extadista (revisor, é com x mesmo) Agripino Maia associou o Bolsa Família à vagabundagem.

A urubóloga e os demais colonistas (**) do PiG (***) sempre se preocuparam muito com a porta de saída do Bolsa Família.

O notável homem público Patrus Ananias disse numa entrevista a este ansioso blogueiro que lamentavelmente eles não pareciam preocupados com os trágicos motivos que levavam à porta de entrada.

Ou seja, a miséria.

Como se sabe, durante a gloriosa campanha, Serra disse que era dele a ideia do Pronatec.

Assim como o genérico e o programa da Aids, o Pronatec não é dele.

É do Tony Palocci.

Agora, a presidenta vai criar 8 milhōes de vagas até 2014 para os brasileiros que vão contribuir com o “novo ciclo de desenvolvimento”.

O compromisso da presidenta é com o ” povão” .

O do adversário é com o Papa, o aborto e a Chevron.

O que não é pouco.



Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Charge de Lute para o Hoje em Dia (MG)

O litro da gasolina ( estatal) custa R$ 1,05 e o do álcool (privado) R$ 2,42

Gasolina nas refinarias Petrobras: R$ 1,05 desde 2009

É esse o preço do litro da gasolina, sem adição de etanol, vendida pela Petrobras desde 2009. Em 9 de junho daquele ano, houve redução de 4,5%. Desde então, não ocorreu mais nenhuma alteração no preço da gasolina vendida às distribuidoras na porta das refinarias.
Esse valor de R$ 1,05 remunera a Companhia em seus custos de produção, refino e logística. Sobre este preço a empresa recolhe impostos e nele também está incluída sua margem de lucro.

+++

A Petrobras está divulgando uma nota que não podia ser mais esclarecedora:
R$ 1,05. É esse o preço do litro da gasolina, sem adição de etanol, vendida pela Petrobras desde 2009. Em 9 de junho daquele ano, houve redução de 4,5%. Desde então, não ocorreu mais nenhuma alteração no preço da gasolina vendida às distribuidoras na porta das refinarias.”
Isso representa 28% do preço pelo qual vem sendo vendido o combustível. A empresa diz que o resto são 40% impostos (dos estados) e e 11%margens de lucro dos distribuidores e postos (privados) e 22% o preço do álcool misturado à gasolina à razão de 25%.
Portanto, em 10 litros de combustível vendido – a R$ 3 o litro, no posto - há 7,5 litros de gasolina, que custam R$ 7,88. E 2,5 litros de álcool, que custam R$ 6,06.
O litro da gasolina ( estatal) custa R$ 1,05 e o do álcool (privado) R$ 2,42.
Custava, há pouco mais de uma semana. Porque já está em R$ 2,72, segundo a cotação do mercado, hoje.
Reduzir a quantidade de álcool anidro (não é o mesmo que o hidratado, vendido nos postos) vai obrigar a Petrobras a importar, pois a nossa capacidade de refino de gasolina está esgotada e os investimentos da Petrobras em ampliar o número de refinarias – R$ 40 bilhões – são de maturação demorada.
Ou o Governo entra de sola sobre o setor alcooleiro ou leva a culpa que não tem pelo aumento dos combustíveis.
Enquanto isso as multis vão avançando sobre a indústria sucroalcooleira, dominando o processamento da cana.

SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO BUSCA ENGENHEIROS


Por Virgínia Silveira, no “Valor”

“O mercado de Defesa está crescendo no Brasil e, com ele, a necessidade de mão de obra especializada em novas tecnologias para atuar na indústria aeroespacial. Esse tipo de profissional, no entanto, ainda é escasso no país.

Empresas como a Embraer e a Helibras, envolvidas em programas complexos de desenvolvimento de aeronaves, helicópteros e sistemas de segurança e Defesa, estão sendo obrigadas a se mobilizar e a investir mais na formação de talentos e na especialização dos funcionários.

Iniciado em 2001, o Programa de Especialização em Engenharia (PEE) da Embraer, por exemplo, já formou mais de mil profissionais. Depois de reduzir suas atividades em 2009 por conta da crise, ele está sendo ampliado agora com a formação de novas turmas no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), parceiro no desenvolvimento do curso.

Segundo a Embraer, o investimento no programa aumentou consideravelmente, passando de R$ 2,8 milhões em 2010 para R$ 6,7 milhões este ano, valor que deverá ser mantido em 2012. Em fevereiro, foi iniciada uma turma com 57 engenheiros recém-formados e, em agosto, haverá a seleção de mais 60 alunos -a média por ano deve ser de 100.

Para Diogo Jundi Toyoda, que foi aluno do PEE e hoje trabalha como engenheiro de desenvolvimento de produto da Embraer, o programa proporcionou visão bastante ampla da aeronáutica. Atualmente, isso o ajuda a entender melhor os desafios da sua área e a oferecer soluções mais eficientes para a empresa.

Na Helibras, a produção de 50 helicópteros EC-725 no Brasil -um contrato de € 1,847 bilhão-, envolve processo gradual de transferência de tecnologia, que exigirá a contratação de mais 500 empregados até 2012, o dobro do número atual. Segundo o presidente da Eurocopter, Lutz Bertling, a contratação de mão de obra qualificada será fundamental para dar suporte ao crescimento da produção de aeronaves para o mercado civil e para cumprir os contratos com o Ministério da Defesa.

Essa será a primeira vez que a Eurocopter implementará linha de montagem de helicóptero tão sofisticado fora da França ou da Alemanha.

A área de engenharia da Helibras assumiu a responsabilidade de montar a nova equipe. "A Eurocopter está firmando convênios envolvendo a Helibras, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e uma universidade francesa para a troca de conhecimentos e treinamento", diz Richard Marelli, diretor do programa EC-725 no Brasil.

Uma das principais referências no Brasil na formação de engenheiros aeronáuticos, o ITA também tem sido solicitado pelas empresas para ampliar a oferta de cursos. Segundo o reitor da instituição, brigadeiro Reginaldo dos Santos, o instituto quer lançar nova pós-graduação em engenharia aeroespacial. O programa, que irá integrar vários grupos de pesquisa do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), está sendo avaliado pela CAPES e a expectativa é de que ele seja aprovado este ano.

Em 2010, o ITA lançou o curso de graduação em engenharia aeroespacial, oferecendo 10 vagas para o vestibular realizado no final de 2010. O novo curso, segundo o reitor, foi um pedido não só da indústria, mas dos institutos de pesquisa como o INPE e o DCTA, que ao longo dos últimos anos vêm perdendo cientistas por conta de aposentadorias e da transferência para a iniciativa privada. A “Vale Soluções em Energia” (VSE), do grupo Vale, também renovou o seu contrato com o ITA para a realização de mais um mestrado profissionalizante na área de turbinas a gás.

Outro doutorado que começará em breve no ITA é na área de infraestrutura aeronáutica. Ele vai dar continuidade ao projeto de expansão nos cursos de graduação. O objetivo é dobrar o número de vagas das atuais 120 para 240 por ano. As obras nas instalações do ITA, segundo Santos, devem começar em 2012 e a previsão é que consumam R$ 60 milhões. "Vamos aumentar as vagas em 20%."

A empresa sueca SAAB, que atua nos segmentos de Defesa, aviação e segurança civil, vai inaugurar em maio um centro de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia em São Bernardo do Campo (SP). "Estamos negociando várias cooperações acadêmicas entre as universidades suecas e as indústrias brasileiras. Além disso, criamos um curso de especialização em engenharia de Defesa no ITA, nos mesmos moldes do PEE da Embraer", diz o vice-presidente de tecnologia da SAAB, Pontus de Laval.

O centro conta com a participação de empresas como a Volvo, Vale, Inventia e de agências governamentais da Suécia, além de institutos de tecnologia como o Royal Institute e a Chalmers University.”

FONTE: escrito por Virgínia Silveira, publicado no jornal “Valor Econômico”

"PAC PARA AS FRONTEIRAS"


GOVERNO CRIA COMISSÃO PERMANENTE PARA APROVEITAR RECURSOS FEDERAIS NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO

“Consideradas pontos de concentração de problemas sempre apontados e nunca resolvidos, as áreas de fronteira recebem agora mais uma tentativa governamental de mudar a situação. Foi criada segunda-feira (25/04) a “Comissão Permanente de Integração e Desenvolvimento da Faixa de Fronteira” (CDIF).

A ideia é fazer o “PAC das fronteiras”, ou seja, como o governo não tem condições de levantar mais recursos além daqueles já disponíveis para o PAC de um modo geral, a proposta será canalizar os investimentos já existentes para essas áreas.

Temos antigas e reiteradas demandas nas áreas de fronteiras. Elas vêm sendo marginalizadas há muito tempo. E o diagnóstico é antigo: violência, crime organizado, tráfico de armas e de drogas, trabalho infantil, exploração sexual. Enfim, para resolver esses problemas, precisamos de soluções conjuntas e articuladas”, afirma o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, que irá presidir a comissão instalada ontem.

NÚCLEOS

As fronteiras [terrestres] brasileiras, com dez países, têm 15 mil quilômetros de extensão, passam por 588 municípios em 11 estados. Para atender aos habitantes dessa região, que hoje equivale a 10% da população brasileira, a ideia é canalizar parte dos R$ 40,5 bilhões (previstos no PAC este ano) para essas regiões. A comissão contará com representantes espalhados por 20 órgãos governamentais e 11 núcleos, um em cada um dos estados que têm fronteiras com outros países.

O governador do Amapá, Camilo Capiberibe, que assinou em 25/04 a criação de um dos primeiros núcleos executivos da comissão, espera usar parte dos recursos do PAC do Turismo para incrementar a sua região. “Os voos da França para Caiena são considerados voos domésticos e, de lá, podemos servir de entrada para os turistas que vierem assistir aos jogos da Copa do Mundo, ou mesmo das Olimpíadas”, comentou ele, o único governador da região presente ao evento.

CALHA NORTE

As fronteiras brasileiras sempre foram objeto de grandes projetos que, ao longo do tempo, vão caindo em desuso. Um deles foi o Calha Norte, criado em 1985, que funciona até hoje, embora sem tanto alarde quanto na década de 1980. Nos últimos 8 anos, por exemplo, o Calha Norte aplicou R$ 1,1 bilhão, segundo dados disponíveis no Ministério da Defesa.

O valor é pequeno, considerando que o projeto atende 194 municípios. Na hipótese de os recursos serem distribuídos de forma igualitária, seriam, aproximadamente, R$ 600 mil por ano para cada. Além disso, o volume de recursos aplicados vem caindo desde 2007. Naquele ano, a destinação de recursos ao projeto chegou a R$ 300 milhões. No ano passado, não ultrapassou a barreira dos R$ 200 milhões. A intenção da comissão é ampliar essas aplicações e fixar projetos comuns para todos os municípios de região de fronteira.

BATIZADO POR LULA

A expressão “PAC das Fronteiras” foi usada pelo presidente Lula em setembro do ano passado, durante uma visita a Foz do Iguaçu. Naquela ocasião, ele criou a Universidade de Foz e assinou o decreto criando a comissão que agora foi instalada. Ele se referiu à comissão como semente do PAC das Fronteiras que agora o governo Dilma pretende levar adiante. Mais um ponto de continuidade entre o projeto passado e o presente.”

FONTE: escrito por Denise Rothenburg, publicado no “Correio Braziliense”

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Documentário mostra como EUA financiou golpe no Brasil

Por Juliana Sada

Recentemente, a TV Brasil veiculou uma série sobre o golpe militar de 1964, o documentário “O Dia que durou 21 anos” tem sua abordagem focada na participação dos Estados Unidos no episódio. Apesar do tema não ser inédito, o programa tem o mérito de trazer à luz muitas informações novas. A equipe teve acesso a diversos documentos do governo estadunidense, assim como áudios de conversas entre Lincoln Gordon, Kennedy e Lyndon Johnson entre 1962 e 1964, discutindo o envio de verbas aos golpistas.

A série é fruto de uma parceria da TV Brasil com a Pequi Filmes e tem direção de Camilo Tavares. São três episódios de cerca de 25 minutos cada, que já estão disponíveis na internet. Reproduzimos os vídeos, fundamentais para compreender ainda mais esse recente período da nossa história.






quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brasil deixa de vender US$ 15 bi de…Brasil

Uma matéria publicada ontem à noite na editoria de Negócios da agência Reuters dá idéia do que vinha sendo o avanço de grupos econômicos estrangeiros sobre terras brasileiras. Diz que, desde agosto, quando o presidente Lula assinou o parecer da AGU que restringe e regulariza a compra de propriedades no Brasil por pessoas físicas estrangeiras e por empresas que usam cidadãos brasileiros como “laranjas” para a aquisição de propriedades agrárias, deixaram de ser comprados o equivalente US$ 15 bilhões em terras por investidores estrangeiros.

Do tamanho desta “invasão” estrangeira sobre o Brasil, eu tratei naquela época: 25% dos municípios do Brasil tinham propriedades agrárias compradas com capital estrangeiro. Em 124 destes municípios, as terras compradas por estrangeiros já somam mais da metade de todas as grandes e médias propriedades.

A Associação Brasileira de Marketing Rural e a Sociedade Rural Brasileira, representando grandes agricultores, apresentaram os resultados de um estudo sobre os efeitos da alteração da legislação, concluindo que ela poderia contribuir para um aumento nos preços globais de alimentos.”Criar restrições para que estrangeiros comprem terras implica uma redução da expansão agrícola do Brasil nos próximos anos”, dizem.

Balela. O investimento estrangeiro no setor rural pode e deve continuar, mas sem excluir os brasileiros nem deixando empresas estrangeiras se apropriarem de enormes extensões do nosso território. Os chineses, que preferem fazer bons negócios a ficar fazendo lobby, mudaram de tática e estão investindopesado na agricultura brasileira através de acordos com nossos produtores.

Mas essa turma aí não quer negócios produtivos. Querem passar tudo nos cobres, até o pedaço mais simbólico de um país: seu chão. Têm a “filosofia agnelliana” de vender tudo, rápido, antes que o Brasil acabe.

Porque, se deixarmos, eles acabam mesmo com o Brasil.

Dilma: a ONU envelheceu e precisa mudar.


“No momento em que debatemos como serão a economia, o clima e a política internacional no século XXI, fica patente também que, do ponto de vista da segurança, a ONU também envelheceu. Os eventos mais recentes nos Países Árabes e no norte da África mostram uma saudável onda de democracia, que desde o seu início apoiamos. Refletem também a complexidade dos desafios dos tempos em que vivemos. Lidamos com fenômenos que não mais aceitam políticas imperiais, certezas categóricas e as respostas guerreiras de sempre.
Reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas não é, portanto, um capricho do Brasil. Reflete a necessidade de ajustar esse importante instrumento da governança mundial à correlação de forças do século XXI.”

O que a Presidente Dilma Roussef disse na formatura de 109 diplomatas da Turma 2009-2011 do Instituto Rio Branco – eu reproduzo este e outros trechos no video acima – é uma evidência que só os que detém o poder – bélico, sobretudo – de dominação do mundo podem desconhecer.

É bom ver o Brasil dizendo abertamente que é preciso uma nova ordem mundial, multipolar, pacífica e mais equilibrada. É bom ver nosso país falar com a voz que lhe cabe, e não mais miar, submisso.

Um ano antes da invasão, óleo do Iraque era repartido

O jornal inglês The Independent está publicando uma série de matérias e documentos que provam que, um ano antes de ser ordenada a invasão do Iraque, no dia 20 de março de 2003, ministros do governo inglês já discutiam com as grandes petroleiras como ia ser repartido o petróleo do país.

O jornal reproduz um memorando do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do dia 13 novembro de 2002, após reunião com a BP:

“O Iraque é a perspectiva das grandes petrolíferas. BP está desesperados para chegar lá e ansiosa que acordos políticos não deverão negar-lhes a oportunidade de competir a longo… prazo potencial é enorme.. .

Em outubro, segundo outros documentos, o governo inglês admite que pressionou o presidente americano George W. Bush em nome da BP, porque a gigante do petróleo “estava preocupada por considerar-se bloqueada dos negócios os EUA estavam fazendo com as empresas de energia e de outros governos estrangeiros.

No mesmo mês, outro documento revela que Edward Chaplin. alto dirigente da chancelaria inglesa admite que está determinado “a conseguir uma fatia justa do recurso para empresas do Reino Unido em um Iraque pós-Saddam. ”

O jornal baseia a reportagem em mais de mil documentos governamentais foram obtidos sob o Freedom of Information Act por Greg Muttitt, que escreveu um livro “Fuel on the Fire”. Os arquivos revelam que eles foram pelo menos cinco reuniões entre os ministros, funcionários e empresas petrolíferas BP e Shell, no final de 2002.

O gráfico publicado pelo The Independent dá ideia da repartição dos campos de petróleo iraquianos, hoje.

Claro que não é por isso que a gente vai pensar que no caso da Líbia há algum outro interesse senão as “razões humanitárias”, não é?

post do tijolaço

PETROBRAS INOVA NO MUNDO COM POÇO NO CONTINENTE EXTRAINDO PETRÓLEO DO FUNDO DO MAR


‘CAMPO DE DOM JOÃO’ RETOMA PRODUÇÃO

“A Diretoria Executiva da Petrobras aprovou o projeto de retomada da produção no campo de Dom João, localizado no município de São Francisco do Conde, na Bahia, com investimentos de R$ 230 milhões. A perspectiva é que haja aumento da produção de petróleo, com a perfuração de 40 poços horizontais que devem incrementar mais 2.500 barris por dia para o Estado.

O projeto de retornar às atividades em Dom João tem um caráter inovador, especialmente pelo uso de modernas tecnologias em um campo maduro, descoberto há 64 anos.

Os poços serão perfurados a partir do continente, com alto ângulo de inclinação, para atingir os reservatórios de óleo e gás localizados abaixo do mar.

Essa é uma experiência pioneira na indústria do petróleo mundial, uma técnica desenvolvida na Bahia para perfurar poços de petróleo, com uso da sonda “Cross Rig”, ou “sonda de travessia”, numa tradução livre, tradicionalmente utilizada nas atividades de engenharia. A técnica foi aprovada e a Petrobras já efetuou o depósito da patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para o devido registro de domínio tecnológico.

A estratégia da Petrobras de revitalizar os campos maduros começou em 2003, com investimentos e implantação de novas tecnologias para produzir em reservatórios de petróleo e gás que estão em atividade há muitos anos.

Associada à atual metodologia, a execução de poços horizontais baseia-se no princípio da sustentabilidade. No antigo modelo de exploração e produção, os poços de Dom João eram perfurados e depois produziam em instalações no mar. Com a tecnologia concebida na Bahia, as águas do manguezal e o litoral de São Francisco do Conde ficaram sem a presença das sondas e poços de petróleo.”

FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras

PSDB não é mais 45

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Extra, extra!


Não tem montagem nenhuma, é isso aí mesmo. Não se sabe até o momento qual será o novo emprego do responsável por essa capa.

domingo, 17 de abril de 2011

EUA ABRIRAM CAMINHO PARA O RECENTE MASSACRE EM CAMP ASHRAF, NO IRAQUE


“Que a ocupação estadunidense no Iraque e Afeganistão são desastres militares, geopolíticos e humanitários, todos sabemos. Que a intervenção dos EUA nesses países obedece lógica de expansão capitalista pelo busca de insumos (petróleo), misturada a considerações maniqueístas, mas totalmente hipócritas, acerca dos povos que habitam esses pedaços de inferno na Terra, também sabemos todos.

Mas outra face desses conflitos vai tomando corpo, à margem do interesse da mídia mundial e, ou proporcionado pelo silêncio cúmplice dessas pautas, sob o olhar omisso das administrações de Washington.

É obvio que a inércia de Washington frente às barbaridades cometidas pelos governos títeres que instalaram em Bagdá e Cabul não é por acaso. Fazem parte de desastrada estratégia de impor governos ilegítimos, da incapacidade de reconhecer e ler os sinais das diversas forças políticas que ali se engalfinham, da impotência para prever as repercussões pelo mundo, e da tendência a mediar toda as disputas pela força. Tudo para manter suas "posições" em relação a Israel, e lógico, a "estabilidade" do fornecimento de combustível, dentre outras coisas.

O resultado de tantos fracassos se amontoa ao lado dos corpos dos civis. De acordo com a página eletrônica do “The Independent”, em matéria assinada pelo Lord David Waddington, do escritório britânico de assuntos exteriores, no dia 08 de abril, sexta-feira, por volta de 5 horas, 2.500 homens do Exército Iraquiano invadiram o Camp Ashraf, onde residem integrantes de um partido oposicionista ligado a Teerã, o “People's Mohajedin Organization of Iran” (PMOI). Saldo: 33 mortos e mais de 300 feridos, todos civis e desarmados.

Informações dão conta que os mililtares estadunidenses, que estavam sediados em Ashraf, receberam ordem de retirada e de não intervir de nenhum modo, o que coincidiu com a visita do Secretário de Defesa, Robert Gates.

Todos esses fatos indicam que, se não houve participação direta dos EUA, ao menos, houve concordância "tácita" para o massacre.

Um forma estranha de espalhar 'Democracia' pelo mundo.”

FONTE: publicado no Blog “Planície Lamacenta”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dilma: combate à inflação sem deixar de crescer

Ao contrário da turma da “roda-presa”, a Presidenta Dilma Rosseff avisou hoje, na China, que não vai entrar na onda de renunciar ao crescimento econômico em nome do combate à inflação. E disse sem meias palavras, segundo a agência Reuters:

“Eu gostaria de enfatizar que nós somos favoráveis ao controle da inflação e à estabilidade fiscal. Eu gostaria de destacar que, para nós, o controle da inflação e a estabilidade são fundamentais para a recuperação da economia mundial”, afirmou a presidente.

“Mas isso tem que ter como objetivo criar condições para o crescimento econômico, para a inclusão social, sobretudo naqueles países onde parcelas enormes da população ainda vivem em situação de pobreza ou de pobreza extrema”

E foi direta na crítica à enxurrada de dólares que as economias centrais estão despejando sobre os países em desenvolvimento:

“”A expansão da liquidez por parte dos países avançados pressiona a inflação mundial e aprecia as moedas de vários países, sobretudo dos exportadores de commodities, ao mesmo tempo em que promove a insegurança alimentar e energética em outras nações’.

Ontem,o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse que os preços estão próximos aos níveis de 2008 quando a carestia da comida provocou revoltas em muitos países pobres e advertiu que aumento de 10% dos preços dos alimentos pode provocar a queda de mais 10 milhões de pessoas no mundo na pobreza extrema,

-”Os pobres do mundo não podem esperar. Cerca de 1 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo”.

PS. Os nossos jornais, claro, “puxam” a matéria sobre o discurso de Dilma para a velha linha do “oportunidades para investir no Brasil”. Parece que eles escrevem não para as pessoas, mas para o “mercado“.

post do tijolaço

SENADO APROVA MP QUE AUTORIZA PROJETO DO TREM-BALA


“O Senado aprovou (13/04) a Medida Provisória 511, que trata do projeto de criação do trem de alta velocidade (TAV), conhecido como trem-bala, que vai ligar o Rio de Janeiro a São Paulo.

A base aliada na Casa ficou dividida no início das discussões sobre o assunto, em função do alto valor a ser investido no projeto –RS$ 34 bilhões. O debate com a oposição durou mais de cinco horas, mas, no fim, o governo conseguiu aprovar o projeto sem alterações.

A Medida Provisória 511 autoriza a União a oferecer garantia para financiamento até R$ 20 bilhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao consórcio ganhador da licitação para a construção do trem-bala. O texto aprovado também cria a estatal "Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A".

A emenda do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), que alterou um artigo do texto da MP quando ela ainda estava na Câmara, também permaneceu no texto, sem mudanças dos senadores. Ela permite à União conceder subvenção de R$ 5 bilhões, na forma de redução de juros, se a receita bruta do trem-bala for inferior à prevista na proposta vencedora. A medida agora segue para sanção presidencial.”

FONTE: reportagem de Mariana Jungmann publicada pela Agência Brasil

As verdadeiras armas de destruição em massa: revólveres, pistolas e fuzis


Revólveres, pistolas e fuzis: as verdadeiras armas de destruição em massa
por João Paulo Charleaux, no Opera Mundi

Hoje, 94 brasileiros morrerão depois de receber um disparo de arma de fogo. É como se a tragédia ocorrida há uma semana na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, se repetisse oito vezes por dia. Todos os dias.

Por não compor um enredo comovente, esta hecatombe a granel passa para os registros sorrateiramente – não há cartas de psicopatas suicidas, nem há vídeos no Youtube mostrando parentes gritando na rua e estudantes fugindo. Não é notícia. E, por isso, os 60 milhões de brasileiros que foram contra a proibição do comércio de armas no Brasil, no referendo de 2005, não se sentem responsáveis por nada disso.

Agora, uma nova iniciativa parlamentar pretende convocar mais um referendo sobre o tema, provavelmente, para o dia 2 de outubro. A proposta, apresentada pelo senador José Sarney depois da tragédia de Realengo, já está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e deve ir a plenário na sequência. Com sorte, os brasileiros terão uma segunda chance de decidir sobre um assunto vital e negligenciado.

Em todo o mundo, a produção, o comércio e o tráfico de pequenas armas de fogo e munição constituem um dos aspectos mais obscuros, menos regulados e mais cinicamente ignorados pela opinião pública.

O Brasil é um grande produtor de armas. Três empresas privadas continuam produzindo a cluster bomb, um tipo de munição altamente letal e imprecisa, proibida pela Convenção sobre Munições em Cacho, da qual o Estado brasileiro não é signatário.

O país é também um grande produtor de revólveres e pistolas. Por dia, são produzidas aqui 2.800 armas de cano curto, das quais 320 ficam no País e o restante é exportado. De cada dez armas apreendidas pela polícia no Brasil, oito são de fabricação nacional. E 70% das mortes por armas de fogo registradas aqui em 2010 foram provocadas pelo uso de armas que entraram legalmente no mercado, ou seja, entraram nas ruas pelas mãos de “pessoas de bem”.

Os assassinos, aliás, também são, na maioria dos casos, “pessoas de bem”. Pesquisadores norte-americanos e australianos realizaram uma pesquisa sobre o perfil dos crimes com armas de fogo em seus países e chegaram à conclusão de que em apenas 15% dos casos as vítimas não conheciam os assassinos. Na maioria das cidades brasileiras, os homicídios também ocorrem entre pessoas que se conheciam, em finais de semana, em brigas de bar ou de família e por motivos fúteis.

Um dos entraves para frear esse massacre é o lobby das empresas produtoras de armas. No referendo brasileiro de 2005, a Taurus doou 2,8 milhões de reais para a campanha do “não” e a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) doou outros 2,7 milhões de reais. A soma corresponde quase à totalidade do custo da vitoriosa campanha do “não”.

No plano internacional, não é diferente. Grandes empresas e governos poderosos lucram com o comércio de armas – principalmente de fuzis baratos e outras armas menores. O documento que deveria regular o setor, o ATT (Arms Trade Treaty) usa termos como “deveria, quando apropriado e levar em consideração” para referir-se às obrigações dos Estados de não vender armas para beligerantes de contextos onde sabidamente cometem-se crimes de guerra. As exigência de respeitar a lei são cênicas, frouxas e escassas. O comércio e o tráfico proliferam nas brechas.

Frequentemente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprova resoluções impondo embargo de armas a ditadores e autorizando o uso da força para proteger a população civil, mas não pode fazer nada por essas vítimas cotidianas de baixo perfil. Os EUA movem sua máquina militar contra o Iraque, alegando combater a ameaça de “armas de destruição em massa”, mas nenhum arsenal tem provocado mais mortes do que estas pequenas armas espalhadas pelo mundo. Neste caso, nem o Exército mais poderoso de todos tem o poder que um voto pode ter num novo referendo.

João Paulo Charleaux é correspondente do Opera Mundi no Chile.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Trem-bala: ousar e pensar grande

MARTA SUPLICY
Esse empreendimento deve ser encarado com a compreensão de que sua implementação é urgente para uma região que concentra 33% do PIB do Brasil
O Brasil se consolida cada vez mais como uma nação que é capaz de enfrentar grandes desafios. Um deles é dar condições para que milhares de brasileiros possam ter acesso a transporte público de qualidade. Além dos investimentos que são necessários dentro das cidades, uma outra parte do problema reside em não termos muitas opções além de rodovias e aeroportos entre grandes capitais.

Para isso, temos que ser ousados e implantar o trem de alta velocidade. O chamado TAV fará primeiro a ligação entre Rio de Janeiro e Campinas, em São Paulo. A partir da apropriação da tecnologia e do desenvolvimento do país, outras capitais, como Curitiba e Belo Horizonte, se seguirão.

Assumi, com entusiasmo, a relatoria da medida provisória que trata do tema no Senado. Quando prefeita de São Paulo, tive como principal desafio a redefinição do transporte público e a implantação do Bilhete Único. Sei o que significa para a população um transporte mais barato e mais rápido.

É também sabido que a diversificação dos meios de locomoção interurbanos, permitindo o transporte por ônibus, aviões e trens, pode tornar o mercado mais competitivo, melhorar o serviço e promover a redução das tarifas, favorecendo o passageiro.

A proposta do governo para o TAV permite uma estruturação financeira da qual participam BNDES e investimentos privados nacionais e internacionais. Em nenhum lugar do mundo esses trens foram implantados sem envolvimento governamental.

Escutei críticas de que o recurso seria mais bem investido nos precários meios de transporte já existentes, mas não se trata de uma questão de priorização de recursos: aquilo que já está destinado para as outras modalidades de transporte não será afetado.

A implantação do TAV também reduzirá significativamente os acidentes e congestionamentos rodoviários e gerará emprego e renda (a previsão é de 12 mil postos) aos dois maiores centros urbanos do país.

Sem contar que a maioria da mão de obra (cerca de 75%), das matérias-primas e de outros insumos serão contratados, adquiridos ou fabricados localmente, desenvolvendo a economia da região.

Menos poluente que outros meios de transporte, o trem de alta velocidade despeja seis vezes menos CO2 na atmosfera que um avião. Ele também ajudará a sanar outra ferida das grandes cidades brasileiras: a falta de espaço para novos projetos de moradia.

Na medida em que tivermos transporte coletivo interurbano de qualidade e de fácil acesso, áreas mais afastadas das regiões metropolitanas poderão receber novos centros habitacionais.

Na Câmara, na semana passada, os deputados fizeram a sua parte, aprovando o brilhante relatório do deputado Carlos Zarattini.

Agora é hora de os senadores tomarem a sua decisão. Afinal, esse é um empreendimento para ser encarado não como uma marca de governo, mas com a compreensão de que a sua implementação se faz urgente para uma região que concentra 33% do Produto Interno Bruto e 20% da população do Brasil. Temos que pensar grande!

O Brasil tem condições de dar um passo ambicioso com a implantação do TAV e, com boa gestão e economia sólida, progredir na infraestrutura necessária para o país. Assim como a China, o Japão, a França e a Espanha, o Brasil investirá na integração de grandes regiões. Seja do ponto de vista econômico, social ou cultural, o projeto se justifica. O Brasil tem condições de ousar.

No desenvolvimento de um país, há que se ter planejamento de longo prazo e gestos que só a visão de estadistas com coragem de empreender têm. Nossa presidenta, assim como o presidente Lula, que desenvolveu o projeto, tem a dimensão da importância do TAV para o Brasil. Nós, no Senado, temos que seguir o mesmo caminho: ousar e pensar grande.

MARTA SUPLICY, senadora pelo PT-SP, é vice-presidenta do Senado Federal. Foi prefeita da cidade de São Paulo pelo PT (2001-2004).


Morte de motociclistas aumentou 754% em dez anos

Em dez anos, o número de motociclistas mortos em acidentes de trânsito aumentou 754%. De acordo com complemento do estudo Mapa da Violência 2011, divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Sangari, em 1998 foram 1.047 mortes de motociclistas no país. Em 2008, esse número subiu para 8.939 mortes.

O pesquisador responsável pelo estudo, Julio Jacobo, atribui o aumento da mortalidade de motociclistas ao crescimento da frota na última década, que foi de 368,8%. “Há 30 anos, as motos representavam uma parcela praticamente insignificante do total de veículos. Era visto como um artigo de luxo e era inacessível à população. A partir da década de 90, houve a popularização das motocicletas.”

Segundo Jacobo, a instalação de indústrias de ciclomotores no país e os fortes incentivos fiscais fizeram da motocicleta uma saída para as pessoas que não podiam comprar um automóvel. “Com o incentivo do governo, começou-se a reduzir o custo da motocicleta e da manutenção. Foi uma maneira de substituir um transporte público, muito problemático, e driblar os problemas do trânsito urbano.”

De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito, em 1970, em um total de 2,6 milhões de veículos, só existiam registradas 62.459 motocicletas - 2,4% da quantidade de veículos. Em 1998, a quantidade de motocicletas subiu para 2,8 milhões, o que representa 11,5% da frota total do país. Em 2008, o número saltou para 13,1 milhões, representando 24% do total nacional de veículos.

Se, na década estudada, a frota de motos cresceu 368,8%, isto é, mais de quatro vezes e meia, a de automóveis aumentou 89,7%. De acordo com a pesquisa, a taxa de óbito dos motociclistas oscilou de um mínimo de 67,8 mortes a cada 100 mil motocicletas em 1998 a um máximo de 101,1, em 2002. A média da década é de 92,3 óbitos a cada 100 mil motocicletas registradas.

“O risco de um motociclista morrer no trânsito é 14 vezes maior que o de um ocupante de automóvel. Se essa tendência continuar, em 2015 a morte de motociclistas no trânsito vai superar os índices de todos os outros veículos juntos”, afirmou Jacobo.

A pesquisa também indica que o processo inverso ocorreu com os automóveis. A frota aumentou 88%, e as vítimas de acidentes com automóvel, 57%. Entre 1998 e 2008, o número de vítimas de automóvel oscilou de um mínimo de 32,5 em 2008 a um máximo de 41,5 em 1999, com média decenal de 38 mortes por grupo de cada 100 mil automóveis registrados.

A pesquisa Mapa da Violência 2011, divulgada em fevereiro pelo Ministério da Justiça, apontou o aumento dos índices de homicídio no país. As informações complementares apresentada nesta quarta são referentes às taxas relativas a acidentes de trânsito.

Fonte: Agência Brasil

Produção de helicópteros coloca Brasil entre gigantes mundiais

A partir de 2012, País começa a fabricar nova geração de aeronaves para as Forças Armadas em parceria com empresa franco-alemã

Flavia Salme, iG Rio de Janeiro

Foto: Paula Giolito

Nova geração de helicópteros das Forças Armadas

Em 2012, o Brasil começará a produzir uma nova geração de helicópteros militares e poderá ter uma das quatro maiores empresas mundiais do setor. De tecnologia franco-alemã, os EC 725 serão montados em Itajubá (MG), com investimento total de R$ 420 milhões. As Forças Armadas receberão 50 modelos até 2020, ao custo de 1,8 bilhão de euros.

A produção brasileira do EC 725 será feita pela Helibras. A fabricante de helicópteros – única na América Latina – é controlada pela multinacional franco-alemã Eurocopter, que possui unidades de negócios na França, Alemanha e Espanha. A expectativa é de que a fábrica brasileira produza tanto quanto as empresas instaladas nos países associados.

Como haverá transferência de tecnologia, o grupo não quer que a Helibras fique restrita à produção militar e já foca em áreas como segurança pública, petróleo e gás. O próximo passo para atrair o mercado será a construção de um simulador de voos no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, a Helibras responde por 4% do faturamento total da Eurocopter, cuja receita anual é estimada em 170 milhões de euros.

As três primeiras aeronaves da frota foram apresentadas nesta terça-feira (12) na 8ª edição da LAAD Defence & Security, na capital carioca. A feira de equipamentos de segurança e defesa também reúne produtos para o mercado governamental – Polícia, Bombeiros e Forças Armadas.

Os novos modelos pretender dar agilidade no transporte de tropas para operações militares e de busca e resgate. “Também serão usados no controle da chamada ‘Amazônia azul’, onde ficam nossas reservas petrolíferas”, afirma o almirante Júlio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha.

A produção nacional existe desde 1978, mas o Brasil só fabrica helicópteros AS 550, conhecidos como “Esquilos”. O modelo é bastante utilizados pelas polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros.

De acordo com especialistas, as quatro maiores empresas mundiais são a Eurocopter, Agusta (Itália), Sikorsky (EUA) e Bell (EUA). A parceria entre Helibras e Eurocopter foi impulsionada em 2008, com a criação da Estratégia Nacional de Defesa pelo governo brasileiro. Atualmente, 11% do valor agregado nos três modelos EC 775 entregues às Forças Armadas são nacionais. Significa dizer que equivale ao percentual de peças e componentes fabricados pela indústria brasileira. Por contrato, até 2020, o Brasil terá de projetar e construir seu primeiro modelo com 50% de “valor agregado” nacional.

“Esses helicópteros são os mesmos usados pela Petrobras para levar funcionários às plataformas de petróleo. Porém o deles é um modelo civil, EC225. As aeronaves militares serão adaptadas”, afirmou Sérgio Roxo, gerente de vendas militares da Helibras. “Os do Exército, por exemplo, receberão duas metralhadoras laterais. Os da Marinha vão carregar mísseis. Todos terão um sistema de defesa passiva, que detecta ataques externos.”

EC725 é a nova geração de aeronaves

A “diplomacia do miado” já deu resultado assim?

Os adeptos da “diplomacia do miado” deveriam olhar com mais atenção os resultado que estão sendo obtidos pela Presidenta Dilma Rousseff em sua viagem à China. Não me recordo – alguém recorda? – de uma viagem de chefe de Estado brasileiro que tenha produzido maiores resultados comerciais para o nosso país.

O Brasil obteve a recuperação das encomendas aeronáuticas da Embraer, a liberação da exportação de carnes suínas, instalação de um fábrica de eletrônicos (a ZTE) e investimentos pesadíssimos da Huawei num centro de pesquisas que, é claro, vai ser acompanhado de atividades industriais da empresas

O mais importante, porém, foi o compromisso chinês em incentivar o aumento das importações de produtos de maior valor agregado do Brasil, segundo comunicado distribuído hoje.

Nossas exportações para a China são, essencialmente, compostas de produtos básicos, como commodities, na pauta de vendas ao país asiático. No ano passado, 83 % das exportações brasileiras à China foram de produtos básicos, enquanto 98 % das importações foram de produtos manufaturados.

Tudo isso foi obtido com serenidade, mas firmeza. Mostramos que, assumindo uma postura de defesa de nossos interesses, o Brasil será respeitado e nossos parceiros buscarão o entendimento.

Algo muito diferente do entrega-o-país e tira-o-sapato do período FHC.

post do tijolaço

Robô dos EUA mata dois americanos no Afeganistão

A tão falada “precisão cirúrgica” dos bombardeios efetuados pela Força Aérea dos EUA acaba de ser, outra vez, atingida em cheio pelos fatos.

As agências internacionais estão noticiando que um fuzileiro naval e um oficial médico americanos morreram ao ser atingidos por um míssil lançado por um “drone” Predator dos EUA na província de Helmand, no Afganistão.

Não há guerra brutalidade e morte, mas ela se torna mais chocante para os ocidentais quando os mortos são os próprios senhores de uma tecnologia brutal – como são todas as armas – e covarde, porque nem sequer há combate, mas simples aniquilação.

Ou o robô que erra o suficiente para acertar seus próprios soldados não erra para acertar civis, mulheres e crianças indefesos?

Mapa de propinas da Alstom no Brasil inclui ex-funcionários públicos, diz MP suíço


Por: Redação da Rede Brasil Atual



São Paulo - Ex-funcionários públicos foram incluídos no relatório final do Ministério Público da Suíça sobre a investigação de propinas pagas pela empresa Alstom a governos estaduais brasileiros. As denúncias envolvem autoridades de São Paulo e Distrito Federal.

Apenas o ex-banqueiro suíço Oskar Holenweger é acusado na peça. O julgamento do caso deve ocorrer nesta semana no Tribunal Federal da Suíça. A Alstom não estará na condição de réu nesse caso. O objetivo do pagamento de propinas, segundo o Ministério Público suíço, era garantir contratos públicos no Brasil, especialmente com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), de 1997 e 2002.

Segundo a Agência Estado, ex-diretores da Eletropaulo e um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo são apontados como parte do esquema. O principal alvo da invesigação é Holenweger. Boa parte da acusação coloca transferências de US$ 2 milhões em 20 ocasiões diferentes a ex-funcionários públicos brasileiros como provas da ação ilegal.

Holenweger admite ter feito as transferências bancárias em nome da Alstom no exterior, alegando ter agido "sob o mandato" da empresa. Ele nega ter praticado crimes de lavagem de dinheiro e de caixa 2. Ele diz que acreditava, à época da transação, que a operação seria dentro da lei.

A Alstom limita-se a apresentar uma nota à imprensa de teor semelhante à posição apresentada desde que as investigações foram iniciadas. A multinacional afirma seguir "um rígido código de ética" que a obriga a "respeitar todas as leis e regulamentações mundialmente". A empresa garante ainda estar colaborando com investigações na Justiça suíça e conclui: "As suspeitas de irregularidades em contratos não foram comprovadas e não estão embasadas em provas concretas".

Na Justiça brasileira


Em 2010, representantes do Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo apresentaram ação cautelar pedindo o blogueio de US$ 1 milhão depositados em bancos suíços em nome de Robson Marinho. Ele foi conselheiro do TCE a partir de 1997, além de ter trabalhado como tesoureiro da campanha do PSDB em campanhas eleitorais. Marinho é acusado, segundo o MPE, de ter recebido quase US$ 500 mil.

Na Eletropaulo, o nome citado era o de José Geraldo Villas Boas, apontado como receptor de US$ 1 milhão. Sua função seria a de facilitar contratos com a empresa. Ele chegou a trabalhar na própria Alstom depois de deixar a Companhia Energética de São Paulo (Cesp).
post do terror do nordeste

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mortalidade infantil no Brasil cai 30% em uma década


A taxa de mortalidade infantil em crianças com menos de 1 ano teve uma redução de 30%, de 2000 a 2009. O número de óbitos por mil vivos passou de 21,2 para 14,8 óbitos, em 2008. Os dados são do 3° Relatório Um Brasil para as Crianças e Adolescentes, da Fundação Abrinq-Save the Children.

O relatório mostra ainda que, no período, houve uma redução de 29,7% nos óbitos de crianças menores de 5 anos. Em 2000, foram registrados 24,7 óbitos por mil nascidos vivos e, em 2008, essa taxa declinou para 17,4 óbitos.

Tanto na taxa de mortalidade de crianças com menos de um ano, como na de crianças com menos de 5 anos, seria necessário que a redução tivesse alcançado o percentual de 66% para se adequar às metas do documento Um Mundo para as Crianças, assumido pelo Brasil, em 2002, na Assembleia Geral das Nações Unidas. O documento reúne uma série de compromissos assumidos pelo governo federal, como a melhoria dos indicadores relacionados à infância e adolescência.

Em 2006, a Abrinq criou o Projeto Presidente Amigo da Criança com o objetivo de acompanhar as políticas públicas implementadas pelo governo na área.

O relatório, apresentado nesta segunda-feira (11) pela Abrinq, mostra que, de 1999 a 2008, o percentual de crianças alimentadas exclusivamente com leite materno até 6 meses de vida aumentou em 320%. Sobre o ensino, o relatório aponta que 95% dos 27,5 milhões de crianças e adolescentes brasileiros têm acesso ao ensino fundamental. Esse percentual representa, aproximadamente, 26 milhões de crianças frequentando esta etapa da educação básica.

Trabalho infantil

Com relação ao trabalho infantil, em 2001, havia 3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos ocupados. Em 2009, este número caiu para 2 milhões, resultando em uma redução de 33% do trabalho infantil no Brasil. Em 2009, 9,2% das crianças e adolescentes de 10 a 15 anos estavam ocupados. Esse índice diminuiu 33% em relação a 2001.

HIV/aids

Sobre o combate ao HIV/aids, houve queda de 44% do número de novos casos de aids em jovens de 15 a 24 anos, passando de 2.780 casos notificados, em 2000, para 1.549 novos casos, em 2008.

Segundo a administradora da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira, os avanços obtidos nos últimos oito anos devem ser comemorados, mas é preciso voltar os olhos para os desafios relacionados à qualidade da educação, ao aumento do acesso ao ensino infantil e à redução da mortalidade. “Chama a atenção o percentual de crianças que tem aleitamento materno e a redução do HIV em populações jovens. Temos que comemorar a redução de crianças no trabalho infantil”.

Para Heloisa, é preciso aperfeiçoar o sistema de atenção à saúde da mulher gestante e dos recém-nascidos. “Muitas crianças, hoje ainda, morrem de afecções respiratórias, muito ligadas aos primeiros dias de vida”, observou.

A administradora considera que é preciso investir na abertura de creches para que as mães possam trabalhar com tranquilidade enquanto as crianças estão bem cuidadas. “A qualidade do ensino também permanece como um desafio sem limites na educação brasileira. Comemoramos as crianças na escola, mas precisamos de escolas com mais qualidade”, disse.


Fonte: Agência Brasil

domingo, 10 de abril de 2011

Bomba: Época revela que a AGU, sob Gilmar Mendes, advogou para Daniel Dantas




"No dia 4 de abril de 2002, a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram entrada a uma petição, na 31a Vara Cível da Justiça Estadual do Rio, principal foro onde TIW, fundos e Opportunity terçavam armas. Na petição, a Anatel e a AGU requeriam a admissão como assistentes do Opportunity na questão. Ao ser admitidas no caso, o processo seria transferido automaticamente da Justiça Estadual do Rio para a Justiça Federal."
Esse trecho acima a revista Época deixou escapar, e é a verdadeira notícia-bomba sem querer, em meio a reportagem desta semana, cujo foco era apenas o lobby de Dantas sobre FHC na ANATEL.

Para se situar na notícia: Gilmar Mendes foi Advogado Geral da União de 31 de janeiro de 2000 até 20 de junho de 2002, e o texto descreve uma manobra jurídica dos advogados de Daniel Dantas, com ajuda da AGU, para retirar um processo de um tribunal em que estavam perdendo a causa.

A notícia bomba leva à pergunta que não quer calar:

O que fazia a AGU de Gilmar Mendes, se metendo a advogar como assistente de um grupo PRIVADO (justamente o Opportunity), em uma empresa PRIVATIZADA, fora do interesse da União?

Segue o texto do trecho da reportagem da revista Época, onde mostra a AGU ingressando em uma manobra jurídicra do interesse do Opportunity:
...Em 2002, Dantas dedicava um lugar especial de suas atenções à Anatel. Por lei, qualquer mudança no controle das empresas de telefonia precisava ser previamente aprovada pela agência. Ter aliados – e, sobretudo, não ter inimigos – em posições influentes na Anatel era um trunfo para quem disputava o comando de empresas com faturamento na casa dos bilhões de reais. Na Anatel, a procuradoria-geral era um local estratégico para Dantas. O motivo era uma briga que ele travava com os fundos de pensão de empresas estatais e com a empresa canadense TIW pelo controle da Telemig Celular e da Amazônia Celular, duas empresas privatizadas pelo governo FHC em 1998.

O litígio entre Opportunity e TIW começara depois do leilão de privatização. Os canadenses haviam desembolsado mais de US$ 380 milhões na compra de duas empresas, acreditando que teriam participação em sua gestão. Após o leilão, descobriram que, apesar de ter 49% das ações, não teriam ingerência nas decisões das companhias, em virtude de uma complexa estrutura societária atribuída a Dantas. Apesar de deter menos de 1% do capital total, era o Opportunity que controlava as empresas, por intermédio de outra empresa chamada Newtel, cujos sócios eram o Opportunity e os fundos de pensão, mas não os canadenses. No meio da disputa entre os canadenses e o Opportunity, os principais fundos de pensão mudaram de direção e se aliaram à TIW. Eles queriam dissolver a Newtel e destituir o Opportunity do comando das empresas. Iniciou-se em 2000 uma batalha na Justiça Estadual do Rio de Janeiro que mobilizou alguns dos principais escritórios de advocacia do país e gerou mais de 30 ações. No meio desse imbróglio, a TIW e os fundos conseguiram algumas vitórias parciais. Uma liminar da Justiça do Rio lhes assegurava, temporariamente, o comando do conselho de administração da empresa holding da Telemig.

No dia 4 de abril de 2002, a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram entrada a uma petição, na 31a Vara Cível da Justiça Estadual do Rio, principal foro onde TIW, fundos e Opportunity terçavam armas. Na petição, a Anatel e a AGU requeriam a admissão como assistentes do Opportunity na questão. Ao ser admitidas no caso, o processo seria transferido automaticamente da Justiça Estadual do Rio para a Justiça Federal. Elas afirmavam que a dissolução da Newtel, pretendida pela TIW e pelos fundos de pensão, provocaria mudança no controle acionário das empresas – e que isso só poderia ser feito com a anuência prévia da agência. Argumentavam também que a dissolução da empresa poderia provocar desordem administrativa, com prejuízo na prestação de serviços...
Época "amarelou" e não mostrou o dinheiro que as Organizações Globo receberam do valerioduto

É preciso lembrar também, que a revista da Editora Globo mudou de assunto em relação à semana passada, fugindo de dar explicações, depois de Dantas desafiá-la a mostrar o dinheiro recebido através das agências de Marcos Valério pelas Organizações Globo.

Esta semana, a reportagem veio retratando Daniel Dantas como lobista e não como criminoso. Sacrifica a imagem de FHC, revelando passagens constrangedoras mas, nas entrelinhas, a reportagem serve ao jogo de Dantas, ao repetir a tese que é apenas dos advogados de Dantas de que a operação Satiagraha teria sido ilegal:
... delegado Protógenes Queiroz, recorreu a métodos ilegais de operação (usou, por exemplo, agentes da Agência Brasileira de Inteligência para fazer escutas telefônicas à revelia da direção da PF), foi afastado do caso e condenado, em novembro do ano passado, pela Justiça Federal à pena de prisão por crime de violação de sigilo funcional e fraude processual.
Nenhuma decisão da justiça, até agora, dá direito à revista de escrever o que escreveu, como se fosse verdade factual. Pelo contrário, todas as decisões anteriores validaram a operação, e Protógenes só foi condenado (e ainda recorre) justamente pela intromissão de uma equipe da TV Globo na gravação do flagrante do suborno.

Governo diz que manterá Belo Monte


BRASÍLIA. O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, assegurou ontem que o governo não vai paralisar o processo de construção da usina de Belo Monte, no Pará. A suspensão do processo de licitação para a construção da hidrelétrica e outras recomendações, como a realização de audiências públicas para que sejam ouvidas as comunidades indígenas afetadas pelo empreendimento, foram solicitadas formalmente ao governo brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em solenidade ontem no Palácio do Planalto, o ministro e a presidente Dilma Rousseff receberam uma pauta de reivindicações das mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Entre os pedidos, também está o de suspensão de Belo Monte.

- Eu disse para elas (as mulheres do MAB) que há coisas que não podemos atender. Por exemplo, parar Belo Monte. Mas, em relação a indenizações e realocações, o Estado tem de estar mais presente - afirmou Carvalho.

- Belo Monte é um ponto que não dá para avançar, porque não vamos deixar de fazer. Agora, dá para fazer de forma mais humana, mais respeitadora, levando em conta os direitos das comunidades atingidas - acrescentou.

Em seu discurso, Dilma Rousseff praticamente referendou o que disse seu ministro, ao afirmar que não poderá atender a todas as reivindicações do MAB. A presidente reiterou que a base da matriz energética brasileira são as hidrelétricas, argumentando que esta é uma das principais riquezas do país.

Mas destacou que não pode haver contradição entre o uso da energia elétrica e o interesse das populações, no que diz respeito às condições de trabalho e às questões ambientais.

- Não vou fazer a demagogia fácil de dizer que atenderemos a tudo. Vou fazer a promessa de que escutarei todas e farei todo o possível para aproximar o atendimento dos 100%. Isso não significa a promessa fácil de que vamos resolver tudo, mas a certeza de que nos empenharemos para encarar as grandes demandas que emerge deste movimento - afirmou Dilma.

A coordenadora nacional do MAB, Soniamara Maranho, ao ler o documento do movimento, disse que as mulheres são "as principais vítimas desse modelo energético" e cobrou "medidas estruturantes e um modelo participativo na definição da política energética".

- Reafirmamos nossa posição contrária à construção da usina de Belo Monte e pedimos a imediata suspensão dos trabalhos naquela região - disse.

Ontem, o consórcio Norte Energia, responsável pela hidrelétrica, saiu em defesa do empreendimento e divulgou um comunicado, esclarecendo que está totalmente comprometida em mitigar os impactos do empreendimento.

"Isto propiciará a manutenção das condições de vida das etnias que habitam a região do entorno da usina, notadamente a Volta Grande do Xingu", diz a nota.

O grupo enfatizou que, para que não houvesse inundação de parte das terras indígenas da região, o projeto original passou por vários aprimoramentos.

"Belo Monte é também a solução encontrada para gerar energia limpa e renovável necessária ao desenvolvimento do Brasil, com área alagada de apenas 516 km quadrados. É um empreendimento com gestão responsável e que respeita os direitos e a cultura das populações tradicionais da região".

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A gasolina, a Petrobras e a hipocrisia de mercado

Esta controvérsia sobre o “aumenta – não aumenta” da gasolina traz à tona uma questão interessante:

- E se a Petrobras tivesse sido privatizada como foi a Vale e entregue a um administrador competente como Roger Agnelli?

Bah!, como se diz no meu Rio Grande, o preço da gasolina já estaria nas alturas, há tempos!

Os preços internacionais do petróleo chegaram ao nível mais alto dos últimos dois anos. Do início do ano para cá, o preço do barril no mercado de Londres cresceu cerca de 30% passando de 90 para 120 dólares.

O que os defensores da privatização acham que uma empresa particular estaria fazendo com os preços no mercado interno uma valorização no exterior? Manteria o preço para o consumidor brasileiro? Será que um executivo “competente” como o Sr. Agnelli já não teria sangrado o bolso da população e obtido os melhores lucros para a empresa?

E aí, aumentado assim o preço dos combustíveis o que aconteceria com a inflação, D. Miriam Leitão?

Ela diz, em sua coluna: “Isso segura a inflação, mas por outro lado cria um artificialismo no mercado. O preço não cai quando o petróleo desce, nem sobe quando acontece o contrário. Mas outros produtos que não são vendidos ao público como o nafta e querosene de aviação sobem constantemente, mostrando a hipocrisia dessa política de preços.”

Faltou coragem de defender a volta da inflação via gasolina e de toda a cadeia de custos em que ela se envolve? Será que o “mercado” tem direito de fazer o Brasil voltar a viver a insegurança inflacionária? Será que os dogmas neoliberais são mais importante que a vida das pessoas?

Para eles, são.

Notem a perversidade com que o assunto está sendo tratado. A Petrobrás, que está segurando no lombo, pelos seus deveres com o Brasil os preços do combusível no mercado interno é culpada de tudo, seja de não aumentar seja da possibilidade e ter de faze-lo.

Olhe os dois gráficos deste post. O primeiro mostra a evolução do preço do petróleo dos últimos meses.

As linhas dispensam qualquer explicação e as razões do aumento estão publicadas todos os dias nos jornais com notícias da crise no mundo árabe. O segundo mostra um alinhamento dos preços praticados pela Petrobras nas refinarias ao longo de 2010, mostrando o equilíbrio que a estatal manteve durante o ano passado com o preço internacional do petróleo.

Os aumentos do início do ano para cá ela está segurando no tranco. Tanto que hoje, o preço cobrado às distribuidoras – que não são monopólio estatal – está 23% abaixo do que é cobrado nos Estados Unidos, onde a gasolina também subiu, mas é sempre uma das mais baratas do mundo. Em 2009, a gasolina lá era 60% mais barata do que aqui.

Repito: O doutor Agnelli estaria segurando isso, estaria? O Bradesco iria segurar a peteca? E os japoneses da Mitsui, os investidores da bolsa de Nova York, a turma do “quero o meu primeiro” aguentaria a rebordosa de não lucrar no curto prazo e seguir investindo?

Desculpem-me por estar falando assim, mas é duro ver como o conservadorismo e sua mídia no Brasil não têm o menor compromisso com tudo aquilo que eles dizem cultuar: estabilidade econômica, liberdade de mercado, livre formação de preços.

Exploram, no mais sórdido terrorismo as declarações do presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, que não disse nada além do óbvio: que se o preço internacional do petróleo se mantiver por muito tempo nos picos que alcançou terá que haver aumento da gasolina. E nem sequer falou que esse aumento deve ser imediato, mas se o preço internacional não ceder.

A Petrobrás é uma empresa e tem, sim, de ter equilíbrio econômico.

Equilíbrio, vejam bem. Algo muito diferente de ganância, de imediatismo, de precipitação. Na crise, antes de qualquer coisa, a Vale mandou, num peteleco, três mil trabalhadores para a rua. Se tivéssemos entregue a Petrobras, não estaríamos vendo o preço da gasolina subir, estaríamos vendo-o explodir.

Entregar, como fizemos com a Vale, um setor estratégico da economia como o petróleo aos interesses privados é entregar o próprio direito do povo brasileiro a estabilidade, ao emprego, a justiça e ao desenvolvimento.

O “mercado”, porém, é um deus sem pátria e sem alma.

post do tijolaço

DE REPENTE, A OEA SE LEMBROU DOS NOSSOS ÍNDIOS


“Virou moda intervir em assuntos internos de outros países. Agora, foi a Organização dos Estados Americanos (OEA) que resolveu condenar a construção da usina, supostamente pensando na “integridade dos povos indígenas da região”. É de se estranhar essa subreptícia preocupação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA com os índios brasileiros quando crianças mutiladas pela guerra intervencionista americana no Iraque sequer têm atendimento médico satisfatório.

Há 30 anos, o governo brasileiro estuda e debate com o Legislativo e com a população daquela região paraense a construção da usina, fundamental para que o país suporte a escalada de demanda energética trazida pelo nosso crescimento econômico de padrões chineses.

Parece, portanto, muito mais política do que técnica a posição da OEA, e a resposta do governo brasileiro deve ser incisiva. Estabelecido em bases democráticas, o Brasil tem dado voz a todas as correntes nacionais, contra e a favor da usina. Não pode, porém, admitir tentativas externas de ingerência num assunto que diz respeito exclusivamente ao contexto socioeconômico brasileiro.

Faria melhor, a OEA e seus humanistas de plantão, se protestassem contra as ações do Exército norte-americano na Líbia, onde, a pretexto de enxotar um suposto ditador do poder, já fizeram dezenas de vítimas civis. Esses humanistas, aliás, também seriam bem-vindos no já citado Iraque e no Afeganistão.”

FONTE: publicado no “JB Online”

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O pânico gerado pelo aumento no Bolsa Família

fim do mundo


Blog do Sakamoto

A partir deste mês, os beneficiários do Bolsa Família receberão aumento médio de 19,8% nos repasses, podendo chegar a 45,5% – para quem tem filhos de até 15 anos. Isso significa um pagamento de R$ 32,00 a R$ 242,00, com valor médio de R$ 115,00 – que, como sabemos, é uma fortuna sem tamanho. Ao todo, cerca de 50 milhões de pessoas serão beneficiadas.

A maioria dos críticos do programa não reclama de sua existência, mas sim da eficácia das portas de saída – para garantir que as famílias tenham autonomia econômica – e de usos eleitoreiros do mesmo. Além do mais, os partidos políticos perceberam que não conseguirão apoio da massa sem garantir que manterão ou ampliarão determinados programas, como os de transferência de renda, vinculados ou não à educação – que tiveram seu início na era FHC e passaram por um processo de ampliação no governo Lula.

Cálculos do Institutos de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostram que a cada real repassado pelo programa, o Produto Interno Bruto brasileiro aumenta R$ 1,44. Ou seja, o Bolsa Família teve o mérito de retirar 3 milhões de pessoas da extrema pobreza, mas também fazer rodar a roda da economia em comunidades do interior do país.

Mas, como em todo o lugar, tem um chumaço de gente que acredita que pobre tem que morrer de inanição.

Ouvi de um comerciante de uma pequena cidade do Nordeste que essa coisa de Bolsa Família é dar dinheiro para vagabundo. E que o governo “distribuir dinheiro” a torto e direito estava fazendo com que muitas pessoas pobres deixassem de trabalhar.

Assumindo que isso não seja preconceito e sim verdade e que não seja exceção e sim a regra (simplismo que só uma pessoa que tem dois neurônios, o Tico e o Teco, apoiaria), só há uma conclusão útil: os empregadores dessas localidades devem estar pagando muito, mas muito mal a mão-de-obra para que ela desista de trabalhar por uma merreca furada como o repasse médio do Bolsa Família.

Isso quando não aparecem especialistas dizendo:

- “O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo” (observação importante: e daí?)
- “O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza” (ah, sim, todo mundo gosta de lama)
- “Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar” (esse maniqueísmo é lindo)
- “O governo só sabe criar gastos” (tipo o pagamento de juros da dívida?)

Este post não está criticando ou elogiando partidos ou governos, tanto que reconhece avanços de diferentes origens, mas tentando entender o que, além do preconceito, faz com que um cidadão que tenha um pouco mais na conta bancária acredite que pisar no andar de baixo é a solução para galgar ao andar de cima? O Brasil não é o país da tolerância e da fraternidade, como muitos gostam de dizer, e sim do cada um por si e Deus – proporcionalmente ao tamanho do dízimo deixado semanalmente – por todos.

Para esses, distribuição de riqueza significa “doação de calças velhas para vítimas da enchente no Rio”, “brinquedos usados repassados a orfanatos no Natal” ou “uma doaçãozinha limpa-conciência feita a alguma ONG”. Nada sobre um esforço coletivo de buscar a dignidade para todos, porque todos (teoricamente, apenas teoricamente) nascem livres e iguais.